Eu não preciso provar nada… Deus me justifica!

 

 Todo justo, em sua própria justiça, reage se defendendo quando se sente vítima de uma denúncia que considera inaceitável. Uma das principais evidências do legalismo é a acusação rigorosa que o seu promotor faz às pessoas, e a amostra do coeficiente de justiça é a intensidade de justificação que cada um tem. Quanto mais veemente for a defesa, maior é o nível da justiça do sujeito defensor.
   Jesus não se defendeu quando foi acusado. Jamais abriu a sua boca no tribunal. Ele dependia da justiça do seu Pai, por isso mesmo depositava toda a sua confiança naquele que o justificava. Veja a linguagem do servo sofredor narrada pelo profeta: “Perto está o que me justifica; quem contenderá comigo? Apresentemo-nos juntamente; quem é o meu adversário? Chegue-se para mim.” (Isaías 50:08)
   A defesa do justificado é a justiça de Deus e nunca a sua alegação pessoal. Paulo vê isso muito claramente quando esquadrinha a realidade da justificação divina: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.” (Romanos 8:33). Claro, quem tem o Espírito Santo como advogado de Cristo e Cristo como seu advogado diante do trono de Deus não corre o risco de ser condenado.
   Aquele que conhece o Deus que o justifica não precisa se justificar. Jó se defendia porque não conhecia realmente o seu Deus e se apoiava na sua própria justiça. A advocacia ferrenha que ele fez de sua causa é uma prova cabal do abastamento de sua justiça. Todas as vezes que eu e você nos inflamamos em nossa defesa pessoal, estamos desprezando a justiça de Deus e nos estribando na nossa justiça própria.
   Então, alguém poderá estar se perguntando: nós não devemos nos defender nunca quando somos acusados injustamente? Em alguns casos poderemos até explicar os fatos ocorridos, mas nunca tentar nos defender. Sendo Deus quem nos justifica, não nos cabe nos justificar. A nossa defesa irá demonstrar quão urgente é a nossa justiça e quão superior é o nosso direito. Quem logo se justifica, não espera pela justiça de Deus.
   Ninguém precisa se justificar quando tem um Pai extremado e Juiz justo pronto a justificar, pela sua justiça, todos os que infringiram as suas leis. Só quem gosta de exibir a sua própria justiça diante dos homens gasta tempo com sua maquiagem de sua imagem pública retocada. “Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus.” (Lucas 16:15)
   As acusações injustas e as provocações aborrecíveis são instrumentos da graça para fazerem brotar, nas reações exacerbadas, os sintomas da nossa justiça pessoal. Quanto mais amargura e quanto mais defesa pessoal, maior é a presença mascarada da justiça egoísta em nossas vidas. Muitas vezes, quando Deus permite que alguns acontecimentos terríveis e desagradáveis nos aconteçam, é porque Ele pretende trabalhar em nosso caráter, desmantelando a nossa presunção de autossuficiente.
… Deus não nos abençoa porque somos dóceis e flexíveis. Ele nos abençoa a despeito da nossa rebeldia. A benção de Deus não é fruto da minha submissão, mas a minha submissão genuína será sempre um efeito da benção de Deus.
Deus te justifique!

extraído do livro “O crime da letra” de Glenio Fonseca Paranaguá.