SINCERIDADE... É possível!


"Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; Não, não. O que disso passa vem do maligno".
(Mateus 5:37)

   A grande verdade - e nisto reside a dificuldade -, é que nos acostumamos a não ser sinceros. Por alguma razão, nos habituamos a viver por detrás da escuridão das máscaras. Temos vivido segundo um padrão que, na sua essência, não é o padrão de Deus. Num dia qualquer, cruzamos a rua e encontramos alguém, apertamos sua mão e perguntamos se está tudo bem. Essa pessoa está atravessando um momento difícil, seu mundo está desabando como uma monstruosa avalanche. Mas, automaticamente e sem nenhuma hesitação, ele responde: "Sim, está tudo bem!".
   É como se todos nós - como computadores ligados a uma única central -, fôssemos programados para não sermos mais sinceros. Então, simples e automaticamente, optamos pelo convencional "está tudo bem!".
   Creio que, a esta altura, já concordamos que a sinceridade não é um traço de caráter tão simples de ser cultivado. devemos admitir que temos dificuldades em lidar com a verdade que há em nossos corações.
   A palavra sincero originou-se de um termo muito antigo: "sem cera". Na antiguidade, a cera era utilizada para confecção de máscaras. Então, tanto a palavra cera, como a palavra máscara, ganharam o mesmo significado no vocabulário popular. Daí veio o termo "sincero" - "sem cera" ou "sem máscara".
   Aqui encontramos o mal das relações humanas de todos os tempos: nos acostumamos a usar cera em nossos relacionamentos. Fazemos isso com tanta frequência, que acabou se tornando um hábito de conduta. Diante do pastor, utilizamos uma linguagem; diante do gerente do banco, outras, e assim por diante. Usamos máscaras para cada situação que enfrentamos e, à medida que o tempo passa, vamos ampliando nossa coleção de disfarces.
   Os vasos mais caros do mundo eram fabricados em Mileto, na Ásia. Esses vasos eram de valor inestimável a seus proprietários. Eles recebiam uma pintura especial e eram procurados por todo o Império Romano. Ao passar pelo forno, que atingia temperaturas de até 10000°C, muitos desses vasos, por não suportar o calor, sofriam pequenas rachaduras. Essas aberturas, embora muito pequenas, tinham que ser eliminadas de alguma forma. Para isso - mais uma vez -, a cera entrava em ação. O oleiro habilidosamente a espalhava sobre a região afetada até ocultar inteiramente as minúsculas rachaduras. Esse era um trabalho extremamente meticuloso e artesanal.
   Uma vez concluída a confecção e acabamentos gerais, ninguém, nem mesmo os mais entendidos, podiam dizer se aqueles vasos possuíam ou não algum tipo de rachadura. Além da cera, uma bela pintura ocultava delicadamente qualquer imperfeição que pudesse existir.
   No entanto, pelo que nos parece, havia um código de ética entre os fabricantes daquelas preciosidades. Eles elaboravam uma ficha discriminatória para cada vaso. A ficha, dentre outras informações, indicava se os vasos tinham ou não algum tipo de rachadura.
   Pois bem. Agora vamos falar de outros tipos de vasos: nossas vidas. Você não acha que já brincamos demais de esconde-esconde? Você não concorda que já varremos sujeiras demais para debaixo do tapete? Chegou a hora de arregaçarmos as cortinas e deixarmos a luz entrar. Chega de nos valer da fina camada de cera. Pois é exatamente isso que temos feito durante anos; passamos uma leve camada por cima dos nossos defeitos, e depois, providenciamos uma bela pintura para nos apresentar aos outros; um sorriso que impressione ou qualquer disfarce que nos ajude a transmitir a falsa ideia de que estamos bem.
   Já que estamos falando de sinceridade, responda-me honestamente: você é um vaso com ou sem cera?
   Seja qual for a sua resposta, quero conscientizá-lo de uma coisa: na olaria de Deus, não há lugar para remendos ou melhorias. Deus não utiliza cera em seu processo. Ele não conserta vasos; antes, os quebra e os faz de novo. Esta é a lição que temos aprendido na olaria divina.
   Se as altas temperaturas da vida tem causado rachaduras em seu caráter, não as esconda debaixo de finas camadas de cera. De nada vai adiantar varrer a sujeira e ocultá-las discretamente debaixo do tapete, pois um dia - mais cedo ou mais tarde -, toda imundície virá a luz.
   Não pretendo assustá-lo, apenas deixá-lo ciente de que você tem a oportunidade de jogar limpo consigo mesmo, assumir suas rachaduras e ser restaurado na olaria de Deus.
   Seja SINCERO!


(de "A ação da cruz" - de José Rodrigues)

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